O Bandeirante que destruiu o Quilombo dos Palmares.


Durante o Reinado do Rei Pedro II de Portugal, as notΓ­cias das conquistas dos Bandeirantes Paulistas chegaram as cortes de Lisboa. A descoberta de ouro no sertΓ£o de CaetΓ©, nas Minas Gerais, no final do sΓ©culo XVII, deu inΓ­cio a uma fase de prosperidade econΓ΄mica e a remodelaΓ§Γ΅es administrativas, com a criaΓ§Γ£o em 1693 da Capitania de SΓ£o Paulo e Minas Gerais, e a criaΓ§Γ£o da IntendΓͺncia das Minas em 1702. Data do perΓ­odo tambΓ©m a destruiΓ§Γ£o do Quilombo dos Palmares (Alagoas) em 1695 pelo Bandeirante Paulista Domingos Jorge Velho (1641-1705). Segundo Pedro Calmon , a vitΓ³ria levou o governador- geral a transformar a bandeira em “ tΓͺrΓ§o de infantaria " o que atribuΓ­a , ao sertanista , a categoria de mestre - de - campo 

Segundo o entΓ£o bispo de Olinda, Domingos Jorge Velho nΓ£o falava portuguΓͺs fluentemente, mas sim a lΓ­ngua geral , uma lΓ­ngua franca baseada nas lΓ­nguas tupi faladas no Brasil naquela Γ©poca. JoΓ£o Manuel Monteiro, especialista no assunto, em "Os Negros da Terra" , explica que Velho nΓ£o sΓ³ falava portuguΓͺs como era letrado: “Na verdade Domingos nΓ£o sΓ³ falava como escrevia em portuguΓͺs, o que seria muito invulgar para um Tapuia [...] Domingos chegou a escrever uma carta ao rei portuguΓͺs, e a sua assinatura reconhecΓ­vel pode ser identificada com frequΓͺncia nos registros civis de Santana de ParnaΓ­ba ". Velho teria tido vΓ‘rias concubinas indΓ­genas, mas sΓ³ se casou na velhice. Morreu em PiancΓ³, capitania da ParaΓ­ba em 1704. Seu filho, Salvador Jorge Velho, tambΓ©m prestou relevantes serviΓ§os Γ  coroa de Portugal, pelo que mereceu receber uma honrosa carta, firmada pelo real punho em 1698. Foi muito opulento, possuindo fazendas de cultura em ParnaΓ­ba, mΓ³veis de ouro e prata.

Filho de Francisco Jorge Velho e de Francisca GonΓ§alves (de Camargo) antes de 1671 jΓ‘ perseguia Γ­ndios no nordeste do Brasil. Teve um primeiro arraial no Sobrado, onde estabeleceu uma fazenda para criar gado na extremidade ocidental do atual estado de Pernambuco, limitando em parte com a Bahia, Γ s margens do rio SΓ£o Francisco. De 1671 a 1674, explorou as serras de Dois IrmΓ£os e Paulista e o rio CanindΓ©, no atual estado do PiauΓ­; a Chapada do Araripe, os rios Salgado e IcΓ³, no atual estado do CearΓ‘; o rios do Peixe, Formiga, Piranhas e PiancΓ³, no atual estado da ParaΓ­ba. Por fim, regressou ao Rio SΓ£o Francisco por Pernambuco.

Acompanhou Domingos Afonso SertΓ£o ao PiauΓ­ e, depois de combaterem os Γ­ndios pimenteiras, foi sozinho ao CearΓ‘ afungentar os Γ­ndios cariris. Guerreou os Γ­ndios icΓ³s e sucurus e, mais ao sul, destroΓ§ou os Γ­ndios calabaΓ§as e coremas na ParaΓ­ba.

Cerca de 1675 estabeleceu grande fazenda agropecuΓ‘ria no que se denominou Formiga. Em 1676, fundou um arraial no PiancΓ³ logo destruido pelos Γ­ndios cariris, o qual reconstruiu ao exterminΓ‘-los.

De 1677 a 1680, nΓ£o hΓ‘ notΓ­cias dele. Pode ter ido a SΓ£o Paulo angariar gente e recursos para o projeto de acabar com os Palmares, pois sua patente de governador de 1688 diz que "se abalou por terra da vila de SΓ£o Paulo com o nΓΊmero de gente branca e Γ­ndios que entendeu ser bastante a conquistΓ‘-los".

Entre 1680–1684, jΓ‘ estaria fixado na regiΓ£o do rio Piranhas, formando fazenda para agropecuΓ‘ria no rio PiancΓ³, afluente do rio Piranhas, e com sua gente pronta: tinha a suas ordens mil e trezentos Γ­ndios e oitocentos e vinte brancos. Um de seus filhos ainda teria visitado TaiΓ³ Γ  procura de ouro. A 3 de marΓ§o de 1687, Domingos Jorge Velho assinou com o governador JoΓ£o da Cunha Souto Maior as condiΓ§Γ΅es para atacar o quilombo dos Palmares.

 Um Conselheiro do Rei escreveu a respeito dos paulistas em 1690: “Sua Majestade podia se valer dos homens de SΓ£o Paulo, fazendo-lhes honras e mercΓͺs, que as honras e os interesses facilitam os homens a todo o perigo, porque sΓ£o homens capazes para penetrar todos os sertΓ΅es, por onde andam continuamente sem mais sustento que caΓ§as do mato, bichos, cobras, lagartos, frutas bravas e raΓ­zes de vΓ‘rios paus, e nΓ£o lhes Γ© molesto andarem pelos sertΓ΅es anos e anos, pelo hΓ‘bito que tΓͺm feito daquela vida. 

(...), ninguΓ©m lhes pode negar que o sertΓ£o todo que temos povoado neste Brasil eles o conquistaram do gentio bravo.

TambΓ©m se lhes nΓ£o pode negar que foram os conquistadores dos Palmares de Pernambuco, e tambΓ©m se podem desenganar que sem os paulistas com seu gentio nunca se hΓ‘ de conquistar o gentio bravo que se tem levantado no CearΓ‘, no Rio Grande e no sertΓ£o da ParaΓ­ba e Pernambuco, porque o gentio bravo por serras, por penhas, por matos, por catinga sΓ³ com o gentio manso se hΓ‘ de conquistar e nΓ£o com algum outro poder, e dos paulistas se deve valer Sua Majestade para a conquista de suas terras”.

Sobre as ordens de Matias da Cunha ex governador geral do Brasil, Domingos Jorge Velho recebe outra missΓ£o e parte para dominar e catequizar indΓ­genas do MaranhΓ£o, CearΓ‘ e Pernambuco.

Depois de seus grandes feitos, Jorge Velho foi reconhecido e honrado como Mestre de Campo no governo de EstevΓ£o Ribeiro. Morre por volta de 1704 aos 64 anos na capitania da ParaΓ­ba.

 Fonte: Castelo Branco, Renato (1990). Domingos Jorge Velho e a presenΓ§a paulista no nordeste
Postagem Anterior PrΓ³xima Postagem

Ω†Ω…ΩˆΨ°Ψ¬ Ψ§Ω„Ψ§ΨͺΨ΅Ψ§Ω„