Jornada dos Vassalos ou RestauraΓ§Γ£o da Bahia Γ© a denominaΓ§Γ£o dada Γ expediΓ§Γ£o de uma poderosa armada luso-espanhola, enviada em 1625 pelo governo da UniΓ£o IbΓ©rica, no tempo do rei Filipe III de Portugal, para reconquistar Salvador da Bahia, entΓ£o capital do Estado do Brasil, no contexto da primeira das invasΓ΅es holandesas do Brasil.
Constituiu-se na maior Armada atΓ© entΓ£o enviada ao hemisfΓ©rio sul, integrada por cinquenta e dois navios transportando quase catorze mil homens, sob o comando de D. Fadrique de Toledo OsΓ³rio, CapitΓ£o Geral da Armada do Brasil. Esses navios bloquearam o porto de Salvador, obtendo a rendiΓ§Γ£o holandesa e a sua retirada a 1 de maio desse ano.
Em 1624 a Companhia Holandesa das Γndias Ocidentais (WIC), criada em 1621, havia atacado a capital do Estado do Brasil, esperando com isso assenhorear-se da RegiΓ£o Nordeste e seu aΓ§ΓΊcar. Na ocasiΓ£o. o Governador-Geral, Diogo de MendonΓ§a Furtado, foi capturado e o governo passou para as mΓ£os de Johan van Dorth. A resistΓͺncia reorganizou-se a partir do Arraial do rio Vermelho, contendo os invasores no perΓmetro urbano de Salvador.
A revolta contra os invasores foi tomando corpo, a partir das resistΓͺncias locais. ApΓ³s quase um ano de ocupaΓ§Γ£o, a situaΓ§Γ£o dos invasores era dramΓ‘tica. A falta de alimentos fomentava doenΓ§as e muitas insatisfaΓ§Γ΅es. O comando das tropas julgava-se esquecido pela Companhia das Γndias que nΓ£o enviava mantimentos e tropas frescas. O golpe de misericΓ³rdia nas aspiraΓ§Γ΅es batavas chegou na quinta-feira santa de 1625, dia 27 de marΓ§o, com a aproximaΓ§Γ£o rumo ao porto de Salvador de uma poderosa forΓ§a naval de 56 vasos de guerra, mais de um milhar de peΓ§as de artilharia e cerca de 12 mil soldados, entre forΓ§as portuguesas, castelhanas e napolitanas. Essa forΓ§a ficou eternizada como Jornada dos Vassalos, por conta da quantidade considerΓ‘vel de nobres que embarcaram, todos sob o comendo do militar espanhol D. Fadrique de Toledo Y OsΓ³rio. Para a parte portuguesa, comandou o general das armadas da costa de Portugal D. Manuel de Meneses, Γ qual se uniram sete caravelas da Capitania de Pernambuco sob o comando de Francisco de Moura Rolim.
Em Pernambuco e em Portugal haviam sido preparadas expediΓ§Γ΅es de socorro, que precederam a esquadra luso-espanhola. Matias de Albuquerque, Governador da Capitania de Pernambuco, foi nomeado Governador-Geral, enviando de Olinda expressivos reforΓ§os para a guerrilha sediada no Arraial do rio Vermelho e no RecΓ΄ncavo. JΓ‘ Salvador Correia de SΓ‘ e Benevides seguira num comboio de 30 navios comandando a nau Nossa Senhora da Penha de FranΓ§a, com combatentes e mantimentos. No Rio de Janeiro recebera do Governador, seu pai, a incumbΓͺncia de recrutar homens na capitania de SΓ£o Vicente antes de rumar Γ Bahia. Nesta expediΓ§Γ£o, arriscada diante do domΓnio neerlandΓͺs dos mares, recrutou cerca de 200 homens, embarcados em duas caravelas e trΓͺs canoas de guerra, e rumou a Salvador. Na Bahia, tendo chegado poucos dias antes ao campo dos invasores, distinguiu-se na conquista da praΓ§a a 1 de Maio de 1625. Na vitΓ³ria teve tambΓ©m um papel destacado a destreza dos Γndios arqueiros trazidos por Salvador de SΓ‘ dos aldeamentos de jesuΓtas das Capitanias do Rio de Janeiro e SΓ£o Vicente.
A reconquista da cidade de Salvador pelas forΓ§as da Monarquia CatΓ³lica em 1625 foi um grande feito bΓ©lico. A abundΓ’ncia de testemunhos, relatos e histΓ³rias da batalha sΓ£o tantos elementos que certificam a importΓ’ncia do acontecido para seus contemporΓ’neos. TomΓ‘s Tamayo de Vargas , nomeado como cronista real em 1626, foi convidado a escrever um panfleto publicando a reconquista espanhola da Bahia dos holandeses. O principal testemunho portuguΓͺs foi de autoria do padre Bartolomeu Guerrero: "Jornada dos vassalos da coroa de Portugal, pera se recuperar a
Cidade do Salvador, na Bahia de todos os Santos, tomada pollos Olandezes, a oito de mayo de
1624, & recuperada ao primeiro de mayo de 1625"
Tags
HistΓ³ria