A Industrialização no Brasil Império


A independência não alterou a posição que o Brasil ocupava no mercado internacional, na qualidade de fornecedor de matérias-primas e comprador de produtos manufaturados. 

Porém nas últimas décadas do século XIX, um novo fator viria somar-se aos demais, acentuando as diferenças entre os grandes centros e as cidades interioranas e entre as várias regiões do país: o aparecimento das indústrias.  Desde 1810 o Brasil já era sede da primeira Siderúrgica da América Latina, a Fabrica de Ferro de São João de Ipanema em São Paulo, que aliava o estímulo às manufaturas e a exploração dos produtos de base. Em 1829, instalou-se em Recife um estabelecimento que fabricava peças e chegou a montar, em 1836, um engenho a vapor inteiramente fabricado no Brasil. Mas a concorrência inglesa matou a iniciativa.

Um grande número de estabelecimentos industriais foi fundado no fim do século. Em pouco mais de dez anos o número de indústrias passou de 175, em 1874, para mais de seiscentas em 1884. Cresce o número dos que se dedicavam às atividades industriais. As indústrias tenderam a se localizar nos principais núcleos urbanos nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde a concentração de mão-de-obra e capitais e a existência de um mercado relativamente desenvolvido, bem como de uma infra-estrutura de transportes criavam possibilidade para o desenvolvimento de indústrias do tipo de substituição de importação.

Em 1880, havia 18.100 pessoas registradas como operários. Em 1876 a maior fábrica do Brasil estava localizada no Rio de Janeiro, a Companhia Têxtil Brasil Industrial, empregando inicialmente 400 pessoas. No setor de Construção Naval a Fundição e Estaleiros da Ponta d'Areia foi uma das primeiras  do Brasil, tendo sido criada por Charles Colman, em 1844 e adquirida em 1846 por Irineu Evangelista de Sousa, futuro Barão e Visconde de Maua. Em Minas Gerais, a Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas fundada em 1888 tinha 600 operários

A construção de 9000 quilômetros de vias férreas entre 1850 e 1889 provocou profundas modificações na estrutura econômica do país: capitais aplicados na aquisição e conservação de tropas foram em parte liberados, braços até então desviados da lavoura para as fainas que o transporte exigia foram aproveitados na lavoura. Ampliou-se enormemente a capacidade de transporte e a rapidez de circulação. Os fretes reduziram-se. 

O produto transportado pelas estradas de ferro apresentava melhor conservação, qualidade superior e, portanto, conseguia cotação mais alta no mercado internacional. Aumentavam as possibilidades de lucro. De outro modo, as ferrovias favoreceram o processo de urbanização e facilitaram a circulação de senhores e escravos. Ofereciam, enfim, novas perspectivas para o trabalho livre, e novos campos de investimento e novas possibilidades para criação de uma economia de mercado. Fonte: Costa, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos.
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