A Bombarda Turca.

Em meados do século XV, a tecnologia militar de cerco havia mudado completamente. Os trabucos e catapultas medievais dariam lugar aos modernos canhões que a cada ano ficavam maiores e mais destrutivos. Em 1452, um fundidor de canhões católico de origem húngara de nome Orban se apresentou na corte bizantina do imperador Constantino XI Palaiologos com um imenso projeto. Para defesa de seus diminutos domínios, o homem de Brassó no Reino da Hungria oferecia uma nova tecnologia: "Grandes Bombardas''. Essas monstruosidades militares que havia projetado conseguiram romper qualquer muralha, dispersar qualquer exército, e dar qualquer vitória ao general que a possuísse.

O pobre e falido imperador grego encarou a proposta com entusiasmo, mas diante do pagamento exigido por Orban para seu salário e custo da fabricação da arma, declinou da empreitada. O engenheiro hungaro então passou algum tempo em Constantinopla estudando suas defesas, e, incrivelmente, passou para o campo que queria toma-la.

Orban então deixou Constantinopla e abordou o jovem sultão otomano Mehmet II, que se preparava para sitiar a cidade. Alegando que sua arma poderia explodir "as paredes da própria Babilônia", Orban recebeu recursos e materiais abundantes do sultão. Ele conseguiu construir o canhão de tamanho gigante em três meses em Adrianópolis, de onde foi arrastado por sessenta bois e mil homens para Constantinopla, na velocidade de 4 km por dia. Nesse ínterim, Orban também produziu outros canhões menores usados pelas forças de cerco turcas.

Maravilhado com a invenção do engenheiro cristão, o sultão ordenou que a Grande Bombarda fosse posicionada em frente a sua tenda real, e dela somente eram feitos sete disparos por dia, devido a dificuldade de operação e para evitar um superaquecimento, resultante das explosões necessárias para lançar seus enormes projeteis de 270 kg cada. 

Após 53 dias de cerco contra as muralhas que jamais haviam sido tomadas, a invenção de Orban deu a vitória aos turcos e abriu as portas da Europa para o Império Otomano, que viveu séculos e mais séculos de muitas vitórias com seus enormes canhões de cerco, que eram comandados de sua mais nova capital, tomada pelo imperador que não conseguiu pagar por eles.

Bibliografia:
-Runciman, Steven (1990), The Fall of Constantinople: 1453, London: Cambridge University Press, pp. 77–78,
-Kortüm, Hans-Henning (2007). Transcultural Wars from the Middle Ages to the 21st Century.
-Ágoston, Gábor (2005). Guns for the Sultan: Military Power and the Weapons Industry in the Ottoman
-Devries, Kelly; Smith, Robert Douglas (2007). Medieval Weapons: An Illustrated History of Their Impact
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