O Comandante da primeira circunavegação da Marinha Brasileira.


O Almirante Julio César de Noronha (1845-1923) iniciou a sua carreira militar como Aspirante a Guarda-Marinha em 1862. 

Logo como 2º Tenente recebe seu batismo de fogo tomando parte nas Campanhas do Uruguai e Paraguai. Distinguiu-se, sempre, pela sua excepcional conduta. Ferido no combate de 6 de dezembro de 1864. A bordo da Fragata a Vapor Amazonas tomou parte na Batalha do Riachuelo, e no forçamento das passagens de Mercedes e Cuevas, destacando-se também nos combates de Paysandu, Riachuelo e Angustura, tendo recebido a Imperial Ordem da Rosa por sua conduta perante o inimigo.

Em 1873, como Capitão-Tenente, publicou no Rio de Janeiro o Compêndio de Hidrografia.

Em 1879 no Comando na Corveta "Vital de Oliveira" liderou a Primeira Missão de Circum-Navegação feita pelo Brasil que durou 430 dias, de 1879 a 1881, e percorreu 35.044 milhas náuticas. 

 Além da jornada de volta ao redor do mundo, a Corveta Vital de Oliveira (nomeada em homenagem ao Capitão-de-Fragata Manoel Antônio Vital de Oliveira (1829-1867), Patrono da Hidrografia, morto na Guerra do Paraguai em 1867) teve a missão de transportar uma missão diplomática especial ao Império Celeste da China da Dinastia Qing. 

A Corveta “Vital d’Oliveita” visitou Lisboa, Gibraltar, Toulon, Malta, Port Said, Ismaília (Egito), Suez, Aden, Colombo, Singapura, Hong Kong, Nagasaki, Yokohama, São Francisco, Acapulco, Valparaíso, Macau, Port Otway, Punta Arenas e Montevidéu.  O Barão de Jaceguai e  Julio César de Noronha também representaram a primeira missão diplomática do Brasil no Império do Japão, que tentou estabelecer uma aliança entre o Imperador Meiji e a Monarquia Sul Americana, apesar do interesse dos Japoneses, uma relação oficial entre as duas nações só ocorreu décadas depois. Em 1881 a Corveta “Vital d’Oliveita” voltou a Baía de Guanabara, com sua tripulação recebida como Heróis Nacionais  

Em 1896, já como Contra-Almirante, Julio César de Noronha comandou a divisão composta do Encouraçado Aquidabã, do Cruzadores República e Tiradentes, com a qual o Brasil se fez representar na grande Revista Naval passada pelo Presidente Cleveland às esquadras estrangeiras, por ocasião da Exposição Internacional de Chicago.

Entre as numerosas missões desempenhadas em terra pelo Almirante Júlio de Noronha, destacam-se a de Vice-Diretor do Colégio Naval; Vice-Diretor da Escola de Marinha; Capitão dos Portos da Corte e da Província do Rio de Janeiro; Membro Efetivo do Conselho Naval; Inspetor do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro; Conselheiro de S. Majestade o Imperador; Chefe do Comissariado-Geral da Armada e Chefe de Estado-Maior General da Armada (por duas vezes), onde nunca deixou de revelar suas qualidades de homem estudioso e marinheiro irrepreensível; Diretor da Escola Naval; Consultor do Conselho do Almirantado e Ministro do Supremo Tribunal Militar.

Foi o Ministro de Estado dos Negócios da Marinha (15 de Novembro de 1902 a 15 de novembro de 1906).

A sua administração na pasta da Marinha foi fecunda e construtora “numa fase sem dúvida precária da vida nacional, atenuada pela ação previdente do governo de 1899-1902. assim preparatória da ação e do grande sucesso do governo de 1902-1906, cujos passos foram firmes, constantes e decisivos, além de incontestavelmente patrióticos”.

Estabeleceu a seguir, o famoso Programa Naval de 1904 que consistia na aquisição de três Encouraçados de 12.500 a 13.000 toneladas de deslocamento; três Cruzadores-Encouraçados de 9.200 a 9.700 toneladas; seis Caça-Torpedeiros de 400 toneladas; seis Torpedeiras de 150 toneladas; seis Torpedeiras de 50 toneladas; três Submarinos e um Vapor-Carvoeiro capaz de carregar 6.000 toneladas de combustível. O tempo necessário à concretização dessa obra seria de seis a oito anos. Em substanciosa exposição do Almirante Noronha, o eminente Chefe do Executivo Federal remeteu o plano ao Poder Legislativo, em duas mensagens seguidas, salientando a necessidade de reconstituição de nosso material flutuante, segundo um programa previamente delineado.

O Almirante Júlio César de Noronha possuía as seguintes condecorações: Hábito da Imperial Ordem da Rosa, Medalha de Prata de Paissandu e Medalha pela Ação em Riachuelo, 1865; Cavaleiro da Ordem de Cristo, 1866; Cavaleiro da Ordem de S. Bento de Aviz, 1876; Medalha de Mérito, três passadores por atos de bravura na Campanha do Paraguai, 1888 e Medalha Militar de Ouro, 1902. Comandou o Monitor Rio Grande, Canhoneiras Araguari e Pedro Afonso, Vapor Ipiranga, Transporte José Bonifácio, Corvetas Belmonte e Vital de Oliveira e os Encouraçados Bahia, Lima Barros e Aquidabã.

Após prolongada enfermidade veio a falecer, no Rio de Janeiro, em 11 de setembro de 1923.
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