Elon Musk, proprietário do Twitter desde outubro, está disposto a reduzir as despesas da empresa a todo o custo. Entre recusas de pagamento de rendas e leilões insólitos de material de escritório, nem o advogado pessoal de Musk escapou à mais recente purga daquele que recentemente perdeu o título de homem mais rico do mundo
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Está em curso uma operação agressiva de redução de despesa no Twitter, aponta o jornal norte-americano “The New York Times”, com Elon Musk, proprietário da empresa tecnológica desde outubro, a colocar na mira o departamento legal da rede social e o seu advogado pessoal, Alex Spiro, além de material de escritório que considera supérfluo
A verdade é que a intenção de Musk de cortar nos custos da empresa não é nova, sendo que uma das suas primeiras ações assim que tomou as rédeas do Twitter foi despedir cerca de metade dos seus funcionários, incluindo os dois homens que ocupavam os cargos de diretor-executivo e diretor financeiro.
Agora, o “New York Times” fala numa remodelação da equipa legal do Twitter - começando pelo afastamento de Alex Spiro, um conhecido advogado norte-americano que defendeu Musk num caso de difamação em 2019 e chefiava o departamento legal desde outubro. No seu lugar, Musk colocou advogados de uma das outras empresas sob o seu comando, a Space-X, entre eles Tim Hughes, o vice-presidente sénior com as pastas de comércio global e assuntos governamentais.
Mas a campanha de austeridade não fica por aqui: o empresário não paga a renda dos vários escritórios da rede social há semanas e está ativamente a considerar não pagar as indemnizações por despedimento devidas aos milhares de funcionários que partiram desde o final de outubro.
Quanto às rendas, a suspensão do pagamento tem como objetivo pressionar os proprietários a renovar os seus contratos de arrendamento com condições mais favoráveis ao Twitter, não sendo ainda possível determinar se a estratégia irá surtir qualquer efeito benéfico.
Citado pelo jornal digital norte-americano Axios, um senhorio que arrenda um espaço ao Twitter no estado do Colorado foi bastante claro acerca dessa possibilidade: "Se não pagarem, não ficam. Eles não estão a pagar; por isso, vão ter que sair".
Já a saga das indemnizações ainda não tem conclusão à vista. Desde novembro, vários funcionários têm contestado publicamente que ainda não receberam o pacote financeiro que lhes é devido após terem sido afastados da empresa. Com vista à redução de custos, Musk estará a considerar simplesmente ignorar estes pedidos e tentar a sua sorte em tribunal, apostando que muitos dos lesados não estarão dispostos a começar o que seriam longos e complexos processos judiciais.
A estas junta-se certamente uma das medidas mais insólitas propostas pelo empreendedor ao longo da sua extensa carreira: um leilão de material de escritório e outros produtos encontrados nas instalações do Twitter. Entre eles, estão máquinas de café, equipamentos industriais de cozinha, um carregador de bicicletas elétricas e até uma escultura do famoso pássaro azul que serve como logótipo do Twitter.
Como justificação para esta cruzada frugal pode-se destacar um tweet que Elon Musk publicou a 4 de novembro, altura em que assumiu que a rede social estava a perder “mais de 4 milhões de dólares por dia”. No mesmo tweet, aquele que recentemente perdeu o título de homem mais rico do mundo - tendo sido ultrapassado por Bernard Arnault, proprietário do grupo LVMH - garante que todos os que saíram da empresa receberam uma oferta de indemnização equivalente a três meses de salário, algo que parece, agora, estar em causa.