Partida para Colheita de Café.


Fotografia de Marc Ferrez, Década de 1880. Acervo do Instituto Moreira Salles. As vésperas da Lei Áurea, a grande maioria da população de escravizados estava no interior, cerca de 720.000 pessoas, ou 5% da população brasileira da época

Nas fazendas de café eram comuns as jornadas de trabalho de quinze a dezoito horas diárias, iniciadas, ainda de madrugada, ao som do sino que despertava os escravos para que eles se apresentassem ao feitor, para receber as tarefas. Se as atividades fossem próximas à sede da fazenda, iam a pé; se mais distantes, um carro de boi os transportava.

O almoço era servido lá pelas dez horas da manhã. O cardápio constava de feijão, angu de milho, abóbora, farinha de mandioca, eventualmente toucinho ou partes desprezadas do porco, rabo, orelha, pé etc. e frutas da estação como bananas, laranjas e goiabas. 

A refeição deveria ser feita rapidamente, para não se perder tempo, e de cócoras; os negros tinham que engolir tudo porque logo em seguida a faina continuava. Por volta de uma hora da tarde, um café com rapadura era servido substituído nos dias frios por cachaça, e às quatro horas jantava-se. Aí, comia-se o mesmo que no almoço, descansava-se alguns minutos e retomava-se o batente até escurecer.

Cumpria-se, então, o ritual da manhã, todos se apresentando ao administrador ou dono, conforme o caso da fazenda. Era quando, após uma breve oração, iniciava-se o serão que constava, geralmente, da produção ou beneciamento de bens deconsumo. Só lá pelas nove ou dez horas da noite é que o escravo podia se recolher. Isso para alguém que, no verão, levantava por volta das quatro horas da madrugada. Antes de se deitar, fazia uma refeição rápida e, extenuado, descansava até a jornada do dia seguinte.

Aos dez ou 11 anos, meninos e meninas escravizados eram apresentados ao universo produtivo da roça, com trabalhos semelhantes aos exigidos dos adultos. Isso significava que eles deixariam as tarefas domésticas diárias, como espantar moscas, carregar porcelana para o chá, trazer água do poço, ser companheiros de brincadeira para as crianças brancas, cuidar de outras crianças escravas e ajudar suas mães em tarefas simples para se tornarem trabalhadores regulares. 

Havia também o medo da separação das mães de seus filhos, por meio de vendas a outras fazendas, sendo que somente em 15 de setembro de 1869 pelo decreto 1695 passou a proibir a separação das famílias escravas: “Art. 2º Em todas as vendas de escravos, ou sejam particulares ou judiciais, é proibido, sob pena de nulidade, separar o marido da mulher, o filho do pai ou mãe, salvo sendo os filhos maiores de 15 anos

Fonte: Escravidão no Brasil Por Jaime Pinsky
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