O Abade Correia da Serra


José Francisco Correia da Serra nasceu em Serpa, a 6 de junho de 1750, filho de Luís Dias Correia, doutor em medicina pela Universidade de Coimbra, e de D. Francisca Luísa da Serra.
José Correia da Serra principiou a sua educação em Roma, apresentando desde cedo grandes capacidades intelectuais. Dedicou-se especialmente à botânica, às antiguidades e ao estudo das línguas, sendo-lhe familiares a francesa, inglesa, alemã, árabe, grega, italiana, latina, espanhola e portuguesa. Diz-se, inclusive, que o próprio pai o obrigava a interromper os estudos com medo de que tanto trabalho lhe prejudicasse a saúde.
José Correia da Serra sagrou-se presbítero, celebrando a sua primeira missa na basílica de S. Pedro, no ano de 1775. 
No ano seguinte retornou a Lisboa, a pedido do seu pai, ignorando todos os apelos para que ficasse em Itália, para poder servir a sua Pátria. Muito estimado, foi bem recebido em Portugal, ficando desde 1779 hospedado no palácio do Duque de Lafões. Lá, delineou com o Duque D. João de Bragança, a organização e os estatutos da Academia Real das Ciências, criada sob a proteção da Rainha D. Maria I a 24 de dezembro de 1779, assumindo José Correia da Serra o cargo de secretário da instituição. 
Após uma série de quezílias com o Intendente-Geral da Polícia, Pina Manique, que decretara uma ordem de prisão para o académico após este receber Boussonet, célebre naturalista fugido de França, Correia da Serra partiu para Londres.
Em Inglaterra, o académico publicou uma série de trabalhos de grande valor, gozando da amizade e admiração de Joseph Bankt, presidente da Sociedade Real de Londres.
Após a subida do duque de Lafões a ministro assistente ao despacho, em 1801, Correia da Serra foi nomeado conselheiro da legação portuguesa em Londres, encarregando-se dos negócios portugueses juntos daquela corte. 
Correia da Serra mudar-se-ia ainda para Paris, onde permaneceu até 1813, publicando vários trabalhos de botânica e colaborando na redação da "Biographie Universelle", publicada por Michaud. 
Em 1813 Correia da Serra foi para os Estados Unidos, dando aulas de botânica em Filadélfia. Thomas Jefferson, com quem convivia regularmente, ter-lhe-á chamado "o homem mais erudito que jamais conheci".
A 31 de janeiro de 1816, Correia da Serra foi nomeado ministro plenipotenciário junto do governo da União, cargo no qual prestou serviços importantes e valiosos a Portugal, sendo recompensado com a comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, a 28 de maio do 1819, ano em que foi nomeado conselheiro de Fazenda. Desejoso de voltar à Pátria, retornou a Lisboa em agosto de 1821, sendo reintegrado no seu antigo lugar de secretário da Academia Real das Ciências.
O Abade Correia da Serra seria ainda, em 1822, eleito por Beja deputado às cortes, mas a sua saúde, já muito debilitada, impediu que tomasse parte importante nos trabalhos parlamentares.
José Francisco Correia da Serra viria a falecer nas Caldas da Rainha, a 11 de setembro de 1823, com setenta e três anos de idade.

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