In Terra de Santa Cruz


O Capitão do Mato

No Brasil dos Séculos XVII e XIX era comum que os Donos de Fazendas vivessem nos grandes centros urbanos, ficando ausentes da administração de suas fazendas, deixando a cargo de capatazes e capitães do mato.

O Cargo de Capitão do Mato, comumente, era ocupado por negros e mulatos que viam naquele posto a possibilidade de obter mais autoridade e respeito social nas paragens por onde residiam.

O cargo de capitão do mato, para um escravo liberto, atendia às demandas simbólicas de distinção social numa sociedade escravista. A “posição” de capitão do mato colocava aquele que vestia a dignidade de tal ofício mais próximo do senhor do que da escravaria, conferia autoridade e prestígio, ostentando um poder que o deixava acima dos escravos e dos pobres livres. É bom lembrar que os capitães do mato eram ou tornavam-se moradores das freguesias em que atuavam. Sendo assim, acabavam vivendo o cotidiano da comunidade, configurando relações sociais com taberneiros, tropeiros etc...Portanto, é a própria forma de configuração de interdependência numa sociedade escravista que cria a circunstância em que senhores           acabavam por confiar seu poder armado aos capitães do mato como meio de defesa da ordem escravista, revestindo tal posição de algum prestígio, pois era um meio eficaz de se contrapor às ameaças ao patrimônio representadas pelas fugas de escravos e pela formação de quilombos"

Segundo Rugendas:

"Poder-se-ia pensar que num país como o Brasil deve ser quase impossível pegar um negro fugido; é raro, no entanto, que este não seja rapidamente preso. Deve-se esta facilidade à instituição dos capitães-do-mato. São negros livres que gozam de um ordenado fixo e são encarregados de percorrer os distritos de vez em quando, com o fito de prender os negros evadidos e conduzi-los a seus senhores ou, não os conhecendo, à prisão mais próxima. A captura é em seguida anunciada por um cartaz afixado à porta da igreja, e o proprietário, desse modo, logo se encontra. Muitas vezes, esses capitães-do-mato empregam, nas suas buscas grandes cães ensinados."

Imagem: O Capitão do Mato". Ilustração de Johann Moritz Rugendas em seu livro "Viagem Pitoresca Através do Brasil", 1822-1825.
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