A Academia Real Militar do Rio de Janeiro



A criação da Academia Real Militar, pela carta de lei de 4 de dezembro de 1810, teve por objetivo a formação de um quadro de oficiais e engenheiros aptos a defender o vasto império português, bem como dotar o Brasil de condições materiais para exercer seu novo papel de centro político-administrativo da Coroa. Substituia a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, fundada em 1792, por iniciativa do vice-rei d. Luís de Castro, e que inaugurou formalmente o ensino superior de engenharia no Brasil.

Na Academia Real Militar, o curso, com duração de sete anos, voltava-se especialmente para o estudo teórico e prático de matemática, física, química, mineralogia, metalurgia e história natural, formando oficiais de artilharia e engenharia, bem como oficiais engenheiros geógrafos e topógrafos com o qual foram publicados seus estatutos assinados pelo Conde de Linhares. No Título II, os estatutos previam a nomeação de Professores de Línguas Vivas, os quais deveriam dominar ou, pelo menos, saber ensinar três línguas - Francês, Inglês e Alemão - para que pudessem substituir-se uns aos outros em caso de necessidade. A inauguração da Academia ocorreu em 23 de abril de 1811 em uma sala da Casa do Trem que passou a ser, mais tarde, o Arsenal de Guerra. 

Sua instalação definitiva data de 1 de abril de 1812, no edifício onde passou a funcionar tempos depois a Escola Nacional de Engenharia. 

Em 1811, foi publicada a obra Elementos de Álgebra, escrita por Lacroix e traduzida por Francisco Cordeiro da Silva Torres e Alvim. Em 1812, o Tratado elementar de aplicação da Álgebra à Geometria, de Lacroix; Elementos de Geometria Descritiva com aplicações às artes texto extraído, por Lacroix, da obra de Monge Elementos de Geometria - foram traduzidos por José e Victorino dos Santos (?, 1852); o Tratado Elementar de Cálculo Diferencial e Integral, de Lacroix, parte 1 do Cálculo Diferencial, teve a tradução realizada por Francisco Cordeiro da Silva Torres.

Estes primeiros tradutores e professores da Academia Real Militar tiveram uma formação que os habilitava para o ensino superior à época: Francisco Cordeiro da Silva Torres e Alvim estudou na Academia de Guardas da Marinha em Lisboa e veio, em 1808, para o Brasil; sobre José Victorino dos Santos pouco se sabe além de que foi docente de Geometria Descritiva da Academia Militar e que pertenceu ao Real Corpo de Engenheiros do Rio de Janeiro, Manuel Ferreira de Araújo Guimarães era brasileiro e estudou na Academia Real da Marinha de 1798 a 1801. Retornou ao Brasil em 1805 e em 1811 já era docente da Academia Militar; além de docente, foi além disso editor, jornalista, político e militar.

O projeto idealizado pelo Conde de Linhares, com sua expertise, foi colocado em prática e assim surgiu o ensino de matemática superior e a formação de engenheiros no Brasil.
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